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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Posicionamento de Repúdio ao Golpe



Tal qual em Crônica de uma morte anunciada, livro de Garcia Marquez que narra a reconstrução de um crime cometido ainda nas primeiras páginas, o golpe agora assestado ao mandato da Presidenta Dilma Rousseff e à frágil democracia brasileira, foi também um crime anunciado.
Desde 2008, figuras renomadas da política neoliberal e conservadora de âmbito global1 vêm-se reunindo em eventos que tiveram lugar em diversas cidades da América Latina, com o objetivo de expandir os ideais do livre mercado e ao mesmo tempo promover a formação e atuação de grupos sociais de oposição aos governos progressistas da região e a criação de um ambiente propicio para a derrubada desses governos através do exercício midiático permanente. Algumas das mais reconhecidas fundações2, especialmente americanas e também europeias, apoiaram esses eventos, como também foram auspiciantes dos movimentos “espontâneos” que levaram cidadãos às ruas de São Paulo: o movimento Brasil Livre, Vem pra Rua, Rebeldes Online e outros de apelo semelhante e também o GDA – Grupo de Diários América 3.
Assim, a motivação para o golpe anunciado pouco teve de vingança pessoal por parte de um bandido contrariado à frente da Câmara de Deputados do país, ainda que isto também tenha acontecido e alimentado uma fogueira que já estava acessa. A ofensiva neoliberal e conservadora para o Brasil e a América do Sul especialmente já está montada pelo grande capital e vai avançando pelos caminhos possíveis, que podem ir desde eleições manipuladas até golpes parlamentares ou policialescos.
Por estes motivos, fica claro que os verdadeiros motivos do golpe radicam fundamentalmente na perspectiva já antiga da elite brasileira de se aliar aos impérios de turno e aos grandes capitais, e agora, na globalização, ao desejo de integrar as “cadeias globais de produção”, como reivindicado fartamente pela FIESP. O alinhamento subserviente da política externa brasileira à lógica dos EUA e das grandes potencias e a regressão nos direitos e conquistas socais serão as principais linhas estratégicas do governo ilegítimo. De fato, as elites brasileiras nunca tiveram grande apreço pela democracia, ainda quando ela parece o mais eficaz e moderno sistema de governo, e por isso não têm o menor escrúpulo em dar o golpe midiático – jurídico – policial de hoje, como não o tiveram em 1964 para armar e sustentar o golpe militar.
Foi desses anos de trevas da ditadura que surgiu como principal legado o atual PMDB, que foi criado e se mantém para ser o fiel da balança de qualquer processo político no Brasil, e sem o qual, até agora, ninguém conseguiu governar o país. Por isso, a corrupção que existe no Brasil desde o tempo do estabelecimento do império português, foi revigorada e atualizada para manter um partido político que vive para ser base de sustentação de qualquer governo, seja de esquerda ou de direita. A corrupção, estruturante do sistema capitalista, torna-se assim mais grave ainda num sistema político como o brasileiro, que por conta desse perverso mecanismo chamado PMDB, precisa inventar o conhecido “presidencialismo de coalizão”, que não é nada mais que lotear os ministérios para irrigar fartamente as vontades e as votações de deputados e senadores dos partidos aliados. Ao PT e a qualquer outro partido que tente governar o Brasil sem uma verdadeira e profunda reforma política, lhe corresponderá pagar o preço de “manter a democracia funcionando”. Por isso, o argumento de varrer a corrupção do país como motivo para afastar a presidenta Dilma, soaria como piada, não fosse a argumentação tragicamente manipulada pelos grandes meios de comunicação.
A este câncer histórico que é o PMDB devem-se somar a recente aparição e crescimento do fundamentalismo religioso no país, engordando a bancada BBB – “Boi, bala e bíblia” que completa o baú dos horrores da política brasileira.
Este mix, convenientemente agitado, se juntou à tradicional falta de cultura política e participativa do povo brasileiro que, fruto de um perverso e doloroso sistema escravocrata, têm sido mantido permanentemente afastado das resoluções das disputas de poder, que ainda correspondem exclusivamente frações das elites brancas e acomodadas. Esta cultura de afastamento do povo das decisões políticas, ainda que pode soar radical tem sido a arma com que as elites mantêm o controle popular:.. A população pobre deste país ficou de fora do golpe, como sempre, e o apelo desesperado de uma mulher falando para a presidenta: “Dilma: resista por nós” é exemplo eloquente desse distanciamento.
Por isso, apesar dos inúmeros protestos e manifestações de repúdio de importantes setores da classe média mais esclarecida, e até mesmo apesar da denúncia da imprensa internacional, os golpistas fincaram pé em um governo impresentável e inadmissível para o século XXI: todos homens, ricos, brancos, velhos e ainda por cima sem voto! Afora a grotesca e incoerente ficha suja no currículo da maioria deles.
Assim, chegamos à verdadeira motivação do golpe fraudulento, que não é mais que a restituição das políticas neoliberais que estiveram ao menos parcialmente represadas pelo governo petista. Um governo que conseguiu manter sem grandes mudanças uma legislação trabalhista com garantias conquistadas faz muito tempo e também alcançar alguma distribuição da renda com foco nas políticas sociais, ao mesmo tempo em que iniciou políticas para avançar na igualdade de gênero e favoreceu consideravelmente a expansão do mercado interno, (ainda que sem questionamento ao modelo de desenvolvimento extrativista injusto e ambientalmente predatório). Também conseguiu impulsionar uma política externa de fortalecimento do multilateralismo, baseado em novas relações de poder global, ancoradas na integração regional e na conformação do Bloco dos BRICS e seu respectivo NDB – Novo Banco de Desenvolvimento –, buscando dessa forma um novo equilíbrio na ordem hegemônica global que vinha favorecendo a conformação de uma governança global menos desigual e unilateral. Por estas razões é que conseguimos vislumbrar as verdadeiras motivações do golpe institucional comandado pela dupla FIESP – PMDB, com o apoio dos partidos conservadores, da mídia oligopólica, do Poder Judiciário (o mais oligárquico dos três poderes) e do Poder Legislativo.
Apesar do governo petista não ter alcançado a mudar a cultura política do país, dando realmente voz política aos pobres do campo e da cidade, talvez o maior avanço alcançado, tenha sido permitir esboçar a noção de direitos na população, até então excluída da política pública que sempre chegou via os favores e as regalias dos senhores e coronéis.
Foram criadas finas pontes e centelhas de consciência nas massas populares... serão esses os fios com que será tecida a derrota do golpe?
Fora os golpistas \ Pela recondução do governo legítimo da Presidenta Dilma Rousseff
INSTITUTO EQUIT \ 18 de maio 2016.
1 http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-216705-2013-03-27.html / figuras da direita ibero-americana se reuniram em Rosário, dentre eles o escritor Mario Vargas Llosa, seu filho Alvaro, o ex presidente espanhol José María Aznar, a blogueira cubana Yoani Sánchez, a presidenta do Partido Popular de Madri Esperanza Aguirre, o ex presidente boliviano Jorge “Tuto” Quiroga e o ex mandatário de Uruguai Luis Lacalle, festejando os 25 anos da neoconservadora Fundação Liberdade de Rosário. Em Buenos Aires tiveram o auspicio de Mauricio Macri que lhes emprestou um salão no Teatro Colón para o coquetel de fechamento do encontro.
2 Fundações tais como a Friedrich Naumann, o CATO Institute, a Student for Liberty e o Atlas, com a participação local do Instituto Millennium e outros. A Students for Liberty é uma entidade financiada pelos irmãos Koch, notoriamente conhecidos por influenciar a política dos EUA através dos seus candidatos ao Congresso estadunidense, financiar as universidades para o seus interesses através de uma rede de think tanks e ONG'S para privatizar a o sistema educacional norte americano e contestar a tese do aquecimento global. Eles são donos da Koch Industries, uma das maiores empresas privadas na área de petróleo dos EUA e financiadores do Tea Party. http://youtube.com/watch?v=6D3...

3 GDA – Grupo de Diários America formado por influentes jornais como O Globo em Brasil, Clarín em Argentina, El Comercio em Peru, El Mercurio em Chile, El Tiempo em Colombia, etc.

terça-feira, 10 de maio de 2016

IV Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres


Começou hoje a 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (4ª CNPM), em Brasília com a presença de milhares de delegadas e convidadas, além da Presidenta Dilma Rousseff, Ministras, Deputadas, Senadoras e Conselheiras do CNDH.





















Com o lema "não permitir retrocessos", representantes dos 26 Estados e do Distrito Federal debatem até sexta-feira os avanços e necessidades relacionados aos direitos das mulheres, em um momento político extremamente delicado para o país, que vem sofrendo uma tentativa de golpe jurídico-midiático que ameaça a democracia e soberania não só das mulheres, mas de todas e todos os brasileiros.
Muitas das participantes de nosso Projeto, Mulheres no Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, estão presentes, colocando as demandas e conquistas da região.
Como resultado da Conferência, serão  feitas recomendações para o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM).