Representantes do MIQCB - Mov. Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu - participaram de Audiência com o Ministério do Meio Ambiente em Brasília, a 4 e 5 de julho.
O tema central em discussão foi a regularização final das três Reservas de Preservação Extrativistas de Extremo Norte, no Tocantins; Mata Grande; e Ciriaco, ambas no Maranhão, na região do Bico do Papagaio.
Há décadas, milhares de mulheres quebradeiras de Coco tiram seu sustento e o de suas famílias das palmeiras de Coco Babaçu, que nascem livres e abundantes no Norte, Nordeste e Centro Oeste do Brasil. Elas quebram o coco, e dele utilizam a semente, a casca, a polpa: para fazer óleo, farinha, sabão, bijuterias e muito mais! Tudo sem danificar a terra e nem mesmo a palmeira.
Ao contrário, o cercamento das terras por parte de latifundiários, e sobretudo a ação violenta dos mesmos no sentido de intimidar e proibir as tradicionais quebradeiras de recolher um coco que apodreceria no chão, caso elas não o recolhessem, vem causando constantes conflitos, que poderiam ser parcialmente solucionados com a criação das três Reservas em questão.
A Mesa de Diálogo contou ainda com representantes do MDS,
ICMBio, Secretaria de Direitos Humanos e do INCRA.
Denunciamos ainda a situação
de constante ameaça em que vivem as mulheres nos quilombos de Monte Alegre, São Luis
Gonzaga, devido aos conflitos fundiários da região, nos quais o comportamento ultrajante do INCRA só dá força aos embates, tensão e ameaças...
O cadastramento ambiental também foi pauta: lembrando que o código florestal brasileiro nega o babaçu como floresta, fortalecendo a legitimação do avanço cruel das expansões agrícolas - MATOPIBA - e colaborando para o aumento dos conflitos no campo.
As quebradeiras, ao contrário, fortalecem posição em defesa das FLORESTAS de babaçu e de toda vida e diversidade que nela, e dela vive.
Embora o ICMBio tenha-se comprometido a realizar, ainda em 2017, um levantamento das famílias extrativistas que vivem nas áreas, uma vez que a forma como são tratados os e as extrativistas
pelos "gestores" do ICMBio foi bastante questionada na mesa de
diálogo - por serem parcerias feitas com a empresa sob a justificativa
de cumprimento das " ações de responsabilidade social" -, os resultados do encontro, no que tange às reservas, deixam a desejar, e nos impelem a seguir lutando. Uma vez mais, alegaram não ter recursos
para pagar a compra das áreas que conformariam a reserva extrativista e esse parece ser motivo suficiente... para eles.
Mas para nós, vida é vida; e ela precisa prevalecer, é ela quem precisa perpetuar; não o lucro.
Seguimos unidas
e atentas
Por Rosalva Gomes.
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