Aconteceu no último final de semana o Seminário sobre feminismo e
agroecologia no município maranhense
A iniciativa envolveu o MIQCB, AVESOL, ACESA, ASSEMA, AMTQC e sindicatos locais e contou com uma interessante e diversa programação, que tratou de contemplar oficinas teóricas e práticas, como a de tinta de terra, em que pudemos aprender a fazer tintas naturais para pintar paredes e casas de forma mais barata, saudável (sem a utilização de aditivos químicos), além de muito mais ecológicas, e também a esclarecedora aula sobre o que é o PROJETO MATOPIBA[1].
O Seminário ainda proporcionou uma troca de sementes crioulas, momento de beleza e cultura; para tratar de equilibrar os golpes do Projeto MATOPIBA.
[1] Plano de desenvolvimento agrícola (ou PDA) que abarca
a grandeza de 143 milhões de hectares, compreendendo o bioma Cerrado e
suas transições dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e que tem
como projeto o desenvolvimento e a ampliação da infraestrutura logística
relativa às atividades agrícolas e pecuárias.
Região considerada a grande promessa agrícola nacional
da atualidade, o Matopiba vem respondendo por grande parte da produção
brasileira de grãos e fibras, expandindo em ritmo vertiginoso suas áreas
plantadas com monocultura, acelerando assustadoramente a devastação
da natureza local.
Na prática, trata-se de uma política e plano de agricultura
nacional pautados sobretudo nos interesses e necessidade das grandes empresas
do agronegócio, e seus interesses em exportar monocultivo para o mercado
consumidor global.
Empresas que têm suas atividades com base na soja e
no eucalipto no cerrado nordestino - como a Suzano de papel
e celulose, S.A Cargill e Bunge - são as maiores interessadas e
beneficiadas no processo.
Segundo os dados do Caderno de Conflitos no
Campo 2014, das 123 ocorrências de conflito no campo
registradas em 2015 no Estado do maranhão, 82 diziam respeito a disputas quanto
à delimitação do MATOPIBA, totalizando 5.522 famílias atingidas e expulsas de
suas casas, territórios e vidas sociais por parte do poder público.
MATOPIBA, portanto, caracteriza-se como um
(velho) novo investimento, que possui em sua idealização, a perpetuação de um
modelo capitalista de exploração da natureza. Tal desenvolvimento
predatório realizado pelo agronegócio no cerrado será potencializado
pelo Projeto MATOPIBA, que vem facilitando a destruição dos recursos naturais,
expulsando as populações locais de seus territórios e gerando uma imensa
pobreza e insegurança alimentar nessa enorme região. Dessa forma, trocamos
territórios tradicionais brasileiros, além de todos os saberes, culturas, modos
de vida e o rico bioma natural da região por mercadoria.
MATOPIBA promoverá a
maior destruição e exclusão por que os povos do cerrado já
passaram, reforçando o êxodo rural, a pobreza e a inviabilização
dos modos de vida já existentes. Levará ainda a um aumento assombroso dos
índices de violência, prostituição, acidentes de trânsito decorrentes da falta
de planejamento para as mega-obras de infraestrutura previstas pelo Projeto.
Afora a assustadora degradação ambiental que o Projeto promove,
agravando ainda mais os problemas hídricos (estão secando e envenenando as
águas do cerrado nordestino), desencadeando a morte dos animais, que aos poucos
vão sumindo, e o sumiço de diversas espécies únicas do rico bioma regional.
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