Páginas

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Babaçu Livre em pauta no Senado

Quebradeiras e MIQCB participam de Audiência pública no Senado para debater o tema


O babaçu é fonte de renda para mais de 300 mil mulheres e suas famílias. É ainda um modo tradicional de vida, que promove o desenvolvimento sustentável e constrói uma cultura própria das quebradeiras a partir da relação com o coco e a palmeira do babaçu.
A expansão da pecuária e de monoculturas, sobretudo da soja e da cana-de-açúcar na região dos babaçuais ameaça o trabalho e modos de vida tradicionais das quebradeiras de coco do Brasil há décadas. 
Hoje, o Movimento de Quebradeiras de Coco Babaçu está participando de uma Audiência pública no Senado Federal em Brasilia para pedir a criação de uma lei que garanta o livre acesso a essas palmeiras, mesmo quando dentro de propriedades privadas, além de impor restrições à derrubada da planta.
Embora as quebradeiras entrem nas fazendas exclusivamente para recolher os cocos caídos e deixados para trás pelos donos das propriedades, não havendo nenhuma intensão de ocupar os territórios, atualmente, elas passam por grandes conflitos com os grandes proprietários de terras, que apesar de não se utilizarem dos cocos, e não serem prejudicados em nada pelo trabalho dessas mulheres, insistem em proibir e ameaçar as mulheres que adentrarem territórios demarcados e socialmente como privados.
A tentativa de marginaliza-las ainda mais, colocando-as como invasoras de propriedades privadas, quando a verdadeira invasão é a indevida apropriação privada das terras, ou simplesmente do planeta terra, é parte de um projeto civilizatório nacional e global baseado em uma hierarquia dos conhecimentos, onde toda cultura indígena, negra, das mulheres, do campo e das minorias é desvalorizada em prol da cultura hegemônico-patriarcal estabelecida (uma cultura da degradação, da exploração e da disputa).
Mas nós sabemos que o trabalho e os saberes dessas guerreiras vale mais que ouro; vale a perpetuação da cooperação entre seres humanos e natureza. A cada coco habilidosamente quebrado, cada quebradeiras faz florescer a preservação e o respeito que verdadeiramente devem existir entre os seres e em cada ação.
Nossas companheiras de Projeto, Francisca, de Codó, Maranhão e Cledeneusa, de São Domingos do Araguaia, Pará participam da Audiência e nos mandam informações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário