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sexta-feira, 10 de março de 2017

Mulheres-barragem

Xinguanas mostram que o respeito à vida e aos bens comuns são prioridades na pauta feminista local




Altamira, PA. As mulheres do Coletivo de Mulheres de Altamira-Xingu, junto ao Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira do Campo e Cidade, que reúne diversos movimentos e coletivos de mulheres da região, e sindicatos da região aproveitaram o Dia Internacional da Mulher para mostrar que as mulheres queremos muito mais do que flores: queremos respeito e nossos direitos.
Além de fazerem uma bela caminhada, entregaram às autoridades locais uma Carta das Mulheres, denunciando as diversas formas de violência sofridas pelas locais, sobretudo depois da chegada dos megaempreendimentos Belo Monte e Belo Sun, que vêm gerando um crescimento vertiginoso e desordenado na cidade e acarretando num aumento direto da violência contra mulheres, além do sem-número de desrespeitos ambientais e sociais que as empresas estabelecem como regra, e que afetam especialmente o cotidiano das mulheres, guardiãs da vida, protetoras dos bens comuns a seus filhos e filhas.
Além disso, a carta - enviada à Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação, Delegacia da mulher, Propaz, Judiciário, Câmara e Polícia Civil, por entender o Movimento que as necessidades das mulheres abrangem vários setores da sociedade - se manifesta contrária às reformas do atual governo golpista, e sobretudo, exige mudanças urgentes no tratamento dado às questões de gênero.
Um exemplo emblemático das exigências feministas locais, é a transformação do tradicional Hospital Municipal São Rafael em um hospital referência da MULHER e da criança, populações tradicionais e indígenas na região. Existente na região desde os anos 60, o atual Prefeito demonstra sua intenção de fechar o Hospital, como se houvessem suficientes na região. Ao invés disso, as mulheres exigem que esse hospital memória de Altamira seja recuperado e ampliado, tornando-se uma maternidade de referência para a região.

No embalo, as mulheres aproveitaram ainda para elaborar um abaixo-assinado contra a instalação da mineradora Belo Sun às margens do Xingu. Enviado ao governador do Estado do Pará, o documento exige o cancelamento das licenças prévias arbitrariamente liberadas à megaempresa, sem que tenham sido feitos os estudos necessários para avaliar se há viabilidade de que haja outro megaempreendimento na região, a tão só 11km do já monstruoso Belo Monte.A empresa canadense pretende extrair, em 17 anos, 5 vezes mais ouro do que a já violenta mineração de Serra Pelada e suas 30 toneladas saqueadas ao  longo de 10 anos do maior garimpo a céu aberto que já existiu no mundo.

Parece evidente que uma indústria do ouro espalha consigo um rastro de guerra por onde vai. 
Qualquer estudo sério acerca dos impactos que a empresa pode chegar a causar apontarão que a Volta Grande do Xingu e o município de Senador José Porfírio não comportam semelhante abuso. Os impactos socioambientais de um projeto dessa magnitude são incalculáveis.
Se Belo Sun se instala, como garantir que o rio Xingu não será o rio Doce de amanhã? 
























Antonia Melo, liderança fundamental na luta pelo Xingu vivo

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